Graduado, escritor e morador da Costa da Miraguaia compartilhou trajetória marcada por persistência e amor pelo conhecimento
Em entrevista concedida ao programa Conexão Itapuí, o escritor Carmelindo Freitas, de 89 anos, contou sobre a conquista do diploma de História, sonho que carregava desde a juventude. “Vou fazer 90 anos agora no dia seis de março. E fico muito grato pelas pessoas que gostaram muito de mim, e me deram apoio pra ter essa formatura”, afirmou.
Da lavoura ao sonho da sala de aula
Natural da Costa da Miraguaia, Carmelindo recordou as dificuldades de acesso à educação na infância. “Desde pequeno o meu sonho era seguir a carreira militar do exército (…), mas não podia porque não tinha dinheiro. Aí voltei a cabeça pro estudo”, contou. Depois de anos trabalhando na lavoura, retomou os estudos no Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral) e, mais tarde, em turmas organizadas no Museu Caldas Júnior, sob orientação de professoras como Paulinha Reinaldo. “Ela me abriu um leque de conhecimento”, lembrou.
O escritor relatou também o incentivo da professora Josélia, que o ajudou a escrever seu primeiro livro. “Ela foi minha ajudadora, minha professora, posso dizer. Uma pessoa maravilhosa”, destacou.

A faculdade e o novo capítulo

Com o apoio da família, Carmelindo ingressou no curso de História. “Era o meu sonho, a vontade que eu tinha. Quando eu dizia, muitos me apoiavam e outros diziam: ‘o que que tu quer com estudo?’”, contou. Mesmo durante a pandemia, não desistiu. “Eu estava esperando a vida toda pra fazer uma faculdade. Quando consegui, veio a pandemia e parou tudo. Mas eu fiquei estudando aqueles livros em casa.”
Ele explicou que fazia as provas no Colégio Santa Terezinha e, às vezes, na casa do filho, em Gravataí. “Eu fazia lá porque tinha internet e a minha nora era a minha tutora”, disse. E ao ser questionado sobre o sentimento atual, respondeu: “Plenamente realizado.”
Um exemplo de perseverança
Mesmo enfrentando problemas de saúde, Carmelindo afirmou que pretende continuar escrevendo. “Eu estou escrevendo um livro, tenho muita coisa escrita em casa e vou escrever mais. Eu escrevo sobre as pessoas, incluo a todos. Vejo que a pessoa tem um dom, um talento, ou uma pessoa simples, eu escrevo”, disse.
Encerrando a entrevista, deixou uma mensagem aos jovens e adultos que enfrentam dificuldades para estudar. “A todos as pessoas que já idosas, as mulheres, aos homens, as crianças: estudem. Não esmoreçam diante de qualquer obstáculo. O Brasil será um país grandioso se as pessoas estudarem.”
Confira a entrevista completa:
