Pedagogo musical venezuelano, Victor Hugo Garcia, fala sobre sua formação, chegada ao Brasil e trabalho com jovens patrulhenses
Em entrevista concedida ao programa Conexão Itapuí, o pedagogo musical e atual regente da Banda da AABB de Santo Antônio da Patrulha, Victor Hugo Garcia, relembrou sua trajetória de quatro décadas na música. Formado no Conservatório de Música do Estado Aragua, na Venezuela, Garcia contou que começou a se interessar por música ainda na infância, inspirado pelo pai. “Meu pai tocava violão e um instrumento venezuelano chamado Cuatro, que tem quatro cordas. Eu pegava o Cuatro dele e começava a imitar o que ele fazia. Nasci com bom ouvido musical, então eu tocava e cantava”, relatou.
Docência musical
O professor explicou que iniciou seus estudos de teoria e órgão aos 19 anos, concluindo a formação em pedagogia musical após oito anos de estudos. “Eu entrei no Ministério da Educação, que foi meu primeiro serviço por doze anos, até que fui chamado pela direção do Sistema de Orquestras Sinfônicas Infantis e Juvenis da Venezuela. Fiquei lá por 25 anos, me aposentei no sistema”, contou. Durante o período, lecionou para turmas infantis e destacou o aprendizado com alunos iniciantes: “A primeira turma que recebi eram alunos entre sete e nove anos. Eles eram analfabetos em leitura musical e, depois de um ano escolar, estavam lendo e escrevendo música.”



Experiência e inclusão
Garcia também abordou a metodologia do sistema venezuelano e a importância da inclusão na educação musical. “No início, fazíamos provas de ouvido musical para entrar no sistema da orquestra. Acho que 15 anos depois, chegou a normativa da inclusão, então entrou todo mundo. Aí começamos a trabalhar com autismo, síndrome de Down, Asperger, deficiência motora… De cada um, se consegue alguma coisa, se tem as condições auditivas”, afirmou.
Tradição familiar e chegada ao Brasil
O regente comentou que o amor pela música se estendeu à família, com filhos e netos também envolvidos com instrumentos. “As duas netas participam da banda municipal da AABB”, disse.
Sobre sua vinda ao Brasil, explicou que chegou em 2019. “Embora a Venezuela tenha uma crise política, eu não saí por isso. Vim visitar minha irmã em Boa Vista, eu gostei tanto do Brasil que pensei: não vou voltar. Depois mandei trazer minha esposa e filha”, relatou.
Música e novos projetos em Santo Antônio
Atualmente, Garcia está à frente da Banda da AABB e destaca que o projeto vai além do aprendizado instrumental. “Não estou vendo como uma banda de garagem, mas como o início de uma orquestra sinfônica. A missão que eu tenho da música é formação de orquestra sinfônica”, declarou. Segundo ele, o trabalho com a banda representa uma oportunidade de aprendizado e de fortalecimento cultural em Santo Antônio da Patrulha.
Confira a entrevista na íntegra:
