O Sínodo da Igreja reafirma que cada batizado é chamado a participar ativamente da missão de Jesus, não apenas como receptor de formação, mas como sujeito ativo. No artigo desta semana do bispo da Diocese de Osório, dom Jaime Pedro Kohl, é citado o documento final do Sínodo, no qual afirma que todos têm algo a oferecer aos outros, assumindo o papel de sal da terra e luz do mundo. Os leigos exercem ministérios próprios, começando pelo testemunho diário de Cristo na família, na comunidade e na sociedade, sempre nutridos pela Palavra e pela Eucaristia.
Essa participação se estende também às responsabilidades na vida social e civil, incluindo espaços de decisão e atuação profissional. O Papa Francisco lembra que a missão é inseparável da vida de cada cristão: somos chamados a iluminar, vivificar, curar e libertar. Assim, ser sujeito na Igreja significa assumir ministérios visíveis ou agir na rotina cotidiana com fidelidade ao Evangelho, tornando-se ponte entre fé e sociedade.
Confira a íntegra do artigo:
Na Igreja, todos somos sujeitos ativos
O documento final do Sínodo, no número 144, é claro e incisivo ao afirmar: “Na Igreja, ninguém é mero destinatário da formação; todos somos sujeitos ativos e temos algo a dar aos outros.” Isso significa que todos os batizados são chamados a ser sal da terra e luz do mundo, participantes do múnus sacerdotal, profético e real. Em outras palavras: todos somos discípulos missionários de Jesus e anunciadores da Boa Notícia.
Os leigos exercem muitos ministérios e serviços próprios. O primeiro e principal é o testemunho de Cristo no cotidiano da vida: na família, na comunidade e na sociedade. É ali que começa a missão, sempre alimentada pela Palavra e pela Eucaristia, que sustenta o compromisso de transformar o mundo a partir de dentro.
Assumir responsabilidades é parte da vocação do leigo, seja no âmbito eclesial, seja na sociedade civil. Isso inclui presença ativa nos espaços de decisão das políticas públicas — no Executivo, Legislativo, Judiciário, nos Conselhos de Direitos — e também no exercício de suas profissões.
O Papa Francisco nos recorda: “A missão no coração do povo não é uma parte da minha vida, ou um ornamento que posso pôr de lado; não é um apêndice ou um momento entre tantos outros da minha vida. É algo que não posso arrancar do meu ser, se não me quero destruir. Eu sou uma missão nesta terra, e para isso estou neste mundo. É preciso considerarmo-nos como que marcados a fogo por esta missão de iluminar, abençoar, vivificar, levantar, curar e libertar.” (EG 273).
Por isso, cabe a cada leigo e leiga — homens e mulheres da Igreja no coração do mundo e homens e mulheres do mundo no coração da Igreja — serem pontes entre fé e sociedade.
Lembremos: na Igreja, todos somos sujeitos. Cada um, conforme os dons que recebeu, é investido de uma missão específica. Ser sujeito significa tanto assumir um ministério ou serviço visível, como também viver a condição cristã em gestos rotineiros ou pouco reconhecidos institucionalmente, mas igualmente valiosos aos olhos de Deus. Ser pai, mãe, trabalhador ou profissional, é exercer uma missão a partir de Cristo e do seu Reino.
Assim, todos somos revestidos de algum ministério, mesmo que nem sempre seja nomeado como tal. Cabe a cada um perguntar-se: com qual ministério me identifico? E o que faço pelas vocações?
Dom Jaime Pedro Kohl – Bispo de Osório
Fonte: Ascom Diocese de Osório / Melissa Maciel
