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Encontro apresenta alternativas para a merenda com agroecológicos e PANC

por Anderson Weiler

Profissionais da alimentação escolar da região de Torres tiveram uma tarde de troca de experiências no fim de outubro, na comunidade de Morro Azul, em Três Cachoeiras, onde conversaram com a nutricionista Irany Arteche sobre a merenda na perspectiva do Pensamento Alimentar Não Convencional (PANC), em que a comida deve fazer bem ao corpo, à alma e ao ambiente.

Organizado pela Cooperativa Econativa com apoio do Centro Ecológico, na casa da agricultora Zita Bencke Becker e do agricultor José Arlei de Matos Monteiro, o encontro reuniu merendeiras, professoras e diretoras de escolas de Três Cachoeiras, Mampituba, Três Forquilhas e Morrinhos do Sul, e representantes da 11ª Coordenadoria Regional de Educação. O objetivo, segundo a coordenadora da Econativa, Anelise Becker, era ter um momento “de pensar o alimento agroecológico saudável para as crianças”.

Nesta linha, Irany partiu de sua experiência pioneira na inclusão de alimentos agroecológicos nas escolas estaduais do RS, para a apresentação “Alimentação e Nutrição – Prevalecendo o Bom Senso”, que entende a merenda como um bom momento na vida da escola. A despeito das exigências e dificuldades e falta de reconhecimento, ela destacou o papel fundamental das merendeiras e a importância de trabalhar com um propósito. “O poder da merenda escolar está na mão das merendeiras, porque a gente vê que tem um alimento e tem uma merendeira que faz um carro alegórico passando na Marquês de Sapucaí”.

Em relação à escolha dos alimentos, o critério é que tenham baixo impacto financeiro, menor impacto ambiental e um melhor valor nutricional. Os ultraprocessados, industriais, portanto, ficam fora da lista da nutricionista, assim como utensílios plásticos descartáveis. “Está na hora de sermos não convencionais. O convencional é trabalhar, ir no mercado e deixar quase tudo (o dinheiro) lá. E comer a mesma coisa, olhar no rótulo e ver que são três, quatro empresas que fabricam”.

Para finalizar, as participantes experimentaram pratos com alimentos da biodiversidade local, como o umbigo da bananeira – o mangará-, a polpa de juçara, farinha da mandioca, butiá, que podem ser adaptados à realidade das cantinas. Também foram registradas sugestões de atividades e materiais, como oficinas sobre o açaí juçara nas escolas e cadernos de receitas para as merendeiras e nutricionistas.

Aceitação

Algumas participantes, como a merendeira Alice Tomé de Souza Luz, da Escola Josefina Maggi Lumertz, de Rio do Terra, Três Cachoeiras, e Silvânia Dal Pozzo Pacheco Timm, diretora da Escola Martimiano Ferreira Alves, de Roça da Estância, Mampituba, já conhecem e usam algumas PANC. Mesmo assim, para Alice, o encontro revelou novas possibilidades que serão colocadas em prática, como o pré preparo do mangará. Para Silvânia, a introdução das PANC na merenda pode contribuir para popularizar estes alimentos, melhorar a alimentação e desenvolver valores culturais relacionados ao consumo consciente e responsável.
Vinda de Osório, a assistente administrativa da 11ª CRE Marlise Brocker já era uma entusiasta das PANC e diz que praticamente se convidou para o evento quando ficou sabendo qual seria o tema. “No interior de Osório, onde eu moro, já tenho o hábito de andar pela rua, pelo mato da minha casa e consumir”.

A colega Andrea Queiroz Marculino, responsável pela alimentação escolar das 95 escolas da 11ª CRE, acha que é relevante pensar o uso de alimentos da biodiversidade na alimentação escolar dentro do Programa Merenda Melhor do Estado do RS. “Principalmente a questão do açaí juçara, a do butiá, fazer em formas de sucos, de cremes, lanches para os alunos, como complementação da merenda escolar”.

A diretora da Escola Josefina Maggi Boff, de Morro Azul, Rafaela Handler Carlos, o encontro realizado em sua própria comunidade foi o primeiro contato com a proposta. “Achei muito interessante, muito legal. Às vezes é uma planta que a gente joga fora, uma fruta que a gente não utiliza e dá para utilizar tranquilamente nas escolas. E os alunos vão gostar, né? Comentando com eles o benefício que tem, eles vão com certeza vão se adaptando nas escolas”.

Fonte: Centro Ecológico

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