
No artigo desta semana, o bispo da Diocese de Osório, dom Jaime Pedro Kohl, reflete sobre o compromisso cristão com a preservação do meio ambiente, relacionando o tema “Ancorados na Esperança” com a Campanha da Fraternidade. O bispo alerta para a necessidade de uma conversão ecológica, rejeitando posturas negacionistas e reforçando a responsabilidade de cada pessoa na conservação da criação divina.
Segundo dom Jaime, a fé cristã exige atitudes concretas para garantir um futuro sustentável, respeitando a Terra e tudo o que nela habita. O bispo também destaca trechos das Escrituras que evidenciam o papel da humanidade como guardiã da Casa Comum. Ele faz um apelo à mudança de mentalidade e hábitos, incentivando práticas mais sustentáveis, como a redução do consumo excessivo, o uso consciente dos recursos naturais e a adoção de energia limpa. “Ou mudamos nossa maneira de ser e agir no mundo, ou deixaremos para as gerações futuras uma Casa Comum inabitável”, alerta dom Jaime, convidando os fiéis a refletirem sobre seu papel na construção de um mundo mais justo e equilibrado.
Leia a íntegra:
Ancorados na esperança, cuidando da Casa Comum
O quinto encontro do subsídio do Regional continua com o tema “Ancorados na Esperança” e o relaciona com a Campanha da Fraternidade, mostrando a necessidade de “cuidar da Casa Comum”. Devemos reconhecer que essa consciência, felizmente, vem crescendo, mas não é pacífica para todos. Encontramos muitos irmãos e irmãs que se dizem cristãos e católicos, mas que ousam afirmar que isso não tem relação com o compromisso cristão no tempo da Quaresma. Não nos deixemos enganar pelos negacionistas, nem permitamos que nos roubem a esperança de uma ecologia integral e integradora.
Que seja tarefa de todos cuidar da Casa Comum é algo tão óbvio que nem precisaríamos gastar muitas palavras para justificar e convencer que é missão de cada um empenhar-se na conservação da criação, garantindo condições de vida digna hoje, amanhã e para sempre. O livro do Gênesis é claro:
“Tudo foi criado por Deus e viu que tudo era bom… Criou o ser humano à sua imagem, à imagem de Deus o criou, homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e disse-lhes: Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei a terra e cuidai dela. Deus viu tudo quanto havia feito, e era muito bom” (Gn 1,27-31).
Portanto, a responsabilidade de nós, humanos, é muito clara: cuidar da obra de Deus. Toda a criação traz em si a marca da iniciativa divina, e a nós cabe conservá-la em condições de habitabilidade. Tudo indica que a Terra pode viver sem nós, mas nós não podemos viver sem a Terra e tudo o que nela existe. Isso, por si só, bastaria para nos motivar a uma conversão ecológica, ou seja, a passar de uma mentalidade extrativista e consumista para uma perspectiva de produção sustentável e ecologicamente responsável.
Como lemos no número 38 do Texto-Base da CF 2025:
“Os sinais de esgotamento do modelo vigente, do qual poucos se beneficiam, refletidos nas mudanças climáticas, nas crises econômicas e na exclusão social e ambiental, nos colocam diante de um dilema ético: ou mudamos nossa maneira de ser e agir no mundo, reeducando nossos hábitos e costumes na relação com toda a criação, cumprindo nossa missão de cuidá-la e guardá-la; ou deixaremos para as gerações futuras uma Casa Comum inabitável, contrariando os desígnios do Criador.”
Aqui surge uma pergunta que não pode calar: estou disposto a mudar minha mentalidade consumista e extrativista? Estou disposto a modificar meus hábitos de alimentação, reduzir o uso de descartáveis, evitar a poluição do meio ambiente, optar por energia limpa, cuidar da água, da flora e da fauna?
Sintamo-nos gratos a Deus pela bela missão que nos foi confiada: continuar cuidando e aprimorando, com nossa inteligência, a obra de suas mãos. Ancorados na esperança, cuidemos da Casa Comum.
Dom Jaime Pedro Kohl – Bispo de Osório
Fonte: Ascom Diocese de Osório / Melissa Maciel