
O artigo desta sexta-feira (14) de dom Jaime Pedro Kohl aprofunda a reflexão proposta pelo Papa Leão XIV sobre a esperança cristã como âncora segura na vida do discípulo. A mensagem destaca que a verdadeira esperança não se apoia na força humana, mas na fidelidade de Deus, capaz de sustentar o coração mesmo nas provações.
Inspirada na Palavra e na Tradição da Igreja, essa esperança aponta para os “novos céus e nova terra” e convida os cristãos a viverem enraizados nas virtudes teologais, fé, esperança e caridade, que orientam a caminhada e dão sentido pleno à existência.
No artigo, o bispo reforça que a esperança cristã não é passiva: ela exige responsabilidade histórica, compromisso social e caridade ativa. Dom Jaime recorda que a caridade é o “maior mandamento social” e que a superação das causas estruturais da pobreza passa pelo engajamento concreto de comunidades e instituições.
Ele cita obras como hospitais, escolas, casas de acolhimento e diversas iniciativas de apoio aos vulneráveis como sinais visíveis de esperança. Esses gestos, muitas vezes silenciosos, revelam a força transformadora do Evangelho e inspiram todos os fiéis a romperem com a indiferença e assumirem o bem comum como horizonte de vida cristã.
Leia a íntegra do artigo:
A esperança cristã é como uma âncora
Continuamos a meditar a mensagem do Papa Leão XIV:
“A esperança cristã, à qual a Palavra de Deus remete, é certeza no caminho da vida, porque não depende da força humana, mas da promessa de Deus, que é sempre fiel. Por isso, desde os primórdios, os cristãos quiseram identificar a esperança com o símbolo da âncora, que oferece estabilidade e segurança.
A esperança cristã é como uma âncora que fixa o nosso coração na promessa do Senhor Jesus, que nos salvou com a sua morte e ressurreição e que retornará novamente no meio de nós. Esta esperança continua a indicar, como verdadeiro horizonte da vida, os “novos céus” e a “nova terra” (2Pe 3,13), onde a existência de todas as criaturas encontrará o seu sentido autêntico, visto que a nossa verdadeira pátria está nos céus.
Consequentemente, a cidade de Deus compromete-nos com as cidades dos homens, que, desde agora, devem começar a assemelhar-se àquela. A esperança, sustentada pelo amor de Deus derramado em nossos corações pelo Espírito Santo (cf. Rm 5,5), transforma o coração humano em terra fértil, onde pode germinar a caridade para a vida do mundo. A Tradição da Igreja reafirma constantemente esta circularidade entre as três virtudes teologais: fé, esperança e caridade.
A esperança nasce da fé, que a alimenta e sustenta, sobre o fundamento da caridade, que é a mãe de todas as virtudes. E precisamos de caridade hoje, agora. Não é uma promessa, mas uma realidade para a qual olhamos com alegria e responsabilidade: envolve-nos, orientando as nossas decisões para o bem comum. Em vez disso, quem carece de caridade não só carece de fé e esperança, mas tira a esperança do seu próximo.
O convite bíblico à esperança traz consigo o dever de assumir, sem demora, responsabilidades coerentes na história. Com efeito, a caridade é “o maior mandamento social”. A pobreza tem causas estruturais que devem ser enfrentadas e eliminadas. À medida que isso acontece, todos somos chamados a criar novos sinais de esperança que testemunhem a caridade cristã, como fizeram, em todas as épocas, muitos santos e santas.
Os hospitais e as escolas, por exemplo, são instituições criadas para expressar o acolhimento aos mais fracos e marginalizados. Eles deveriam fazer parte das políticas públicas de todos os países, mas as guerras e as desigualdades frequentemente ainda o impedem.
Hoje, cada vez mais, as casas-família, as comunidades para menores, os centros de acolhimento e escuta, as refeições para os pobres, os dormitórios e as escolas populares tornam-se sinais de esperança. São tantos sinais, muitas vezes ocultos, aos quais talvez não prestemos atenção, mas que são muito importantes para nos desvencilhar da indiferença e provocar o empenho nas diversas formas de voluntariado!”
+ Dom Jaime Pedro Kohl – Bispo de Osório
Fonte: Ascom Diocese de Osório / Melissa Maciel
